Hospital Jayme da Fonte

Central telefônica (81) 3416-0000 / 3125-8810 Marcação de Consultas & Exames (81) 3416-0075 / 3125-8850
(seg. à sex, das 07h às 19h e sáb. das 08h às 14h) Resultados de Exames
Data publicação: 25/06/25 | Fonte: Jornal do Commercio

Cirurgia bariátrica: como funciona, quem pode fazer e cuidados pré e pós-operatório

Procedimento cirúrgico, que é um dos principais tratamentos da obesidade, teve critérios para realização atualizados pelo Conselho Federal de Medicina

Por Paloma Xavier

A obesidade é uma das doenças mais crescentes no Brasil. Segundo o SISVAN (Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional), do Ministério da Saúde, 34,66% da população está com algum nível de obesidade. Os números alarmantes apontam para a necessidade de não apenas rever hábitos alimentares, mas também sobre o tratamento da doença e enfermidades relacionadas.

No mês de maio, o Conselho Federal de Medicina (CFM) reavaliou os critérios de pacientes para a realização da cirurgia bariátrica, um dos tratamentos para a obesidade e doenças relacionadas. Entre as alterações está a permissão para que os pacientes obesos a partir de 14 anos possam ser submetidos ao procedimento - desde que apresentem obesidade grave (IMC acima de 40) associada a complicações de saúde e que o caso seja avaliado por uma equipe multidisciplinar.

"Além disso, o novo critério de obesidade para cirurgia é ter um IMC [índice de massa corporal] acima de 30, que antes era apenas acima de 35, associado a doenças provenientes da obesidade, como esteatose hepática, hipertensão, diabetes, dores crônicas nos joelhos e coluna e hipercolesterolemia, entre outras", acrescenta Fábio Revoredo, cirurgião bariátrico e especialista em cirurgia do aparelho digestivo do Hospital Jayme da Fonte.

Como funciona a cirurgia bariátrica?

A cirurgia bariátrica metabólica modifica o sistema digestivo e, de acordo com o especialista, tem se popularizado por ter obtido os melhores resultados de emagrecimento a longo prazo, além do controle das doenças associadas à obesidade. "Chegando até a remover medicamentos crônicos do dia-a-dia dos pacientes", complementa o cirurgião.

Fábio explica que, anteriormente, a cirurgia era considerada apenas como um procedimento que reduziria o tamanho do estômago e consequentemente provocaria o emagrecimento. "Porém, o que se descobriu há 15 anos e hoje ganha mais popularidade é que o intestino - mais precisamente o Íleo - é também um órgão metabólico e endócrino, secretando moléculas que controlam e sinalizam os centros da fome e saciedade, além de aumentar a secreção de hormônios, como a insulina, essencial para a homeostase do corpo e melhora do diabetes", afirma.

Além disso, o médico atribui outro fator à crescente popularidade do procedimento: a falha dos medicamentos emagrecedores. "Eles atingem uma taxa de ‘reganho’ de peso em 1 ano de até 80%. Essas pessoas terminam por optar pela cirurgia bariátrica e metabólica, cuja taxa de reganho fica em torno de 20%, como alternativa após tentativa frustrada com os medicamentos existentes hoje", explica.

Um levantamento da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) mostra que, entre 2020 e 2024, foram realizadas 291.731 cirurgias bariátricas no Brasil. Dessas cirurgias, 260.380 foram através dos planos de saúde, segundo dados da Agência Nacional de Saúde (ANS); e 31.351 procedimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). No sistema particular, o número de cirurgias foi de cerca de 10 mil.

Quando a cirurgia bariátrica é indicada?

Fábio reforça que a cirurgia bariátrica é o principal tratamento da obesidade e controle das comorbidades, com grandes perdas de peso e, principalmente, a manutenção sustentada do peso perdido ao longo dos anos.

Com as alterações do CFM, os critérios para cirurgia são: ter um IMC acima de 30, associado a doenças provenientes da obesidade, como esteatose hepática, hipertensão, diabetes, dores crônicas nos joelhos e coluna e hipercolesterolemia, entre outros. "As comorbidades estão intimamente ligadas à inflamação causada pela obesidade. Até a infertilidade e a impotência podem estar associadas à obesidade. O ideal é sempre procurar um médico especialista em cirurgia bariátrica e emagrecimento para tratamento", ressalta o especialista.

Fábio também mensura como a doença reduz a longevidade: "Uma pessoa obesa vive 7 a 9 anos menos que uma pessoa não obesa devido às comorbidades". De acordo com dados do SISVAN, o número de pessoas com obesidade mórbida ou índice de massa corporal (IMC) grau III, acima de 40 kg/m², atingiu 1.161.831 pessoas no ano passado ou 4.63%. O número de pessoas com obesidade grau II é de 2.176.071 pessoas - representando 8.67% da população - e com obesidade grau I soma 5.348.439, o equivalente a 21.31% da população.

Os principais tipos de cirurgias bariátricas realizadas atualmente são o Bypass Gástrico em Y de Roux (BGYR); a Gastrectomía Vertical (Sleeve Gástrico); o Bypass em uma anastomose (OAGB / mini-bypass); a Bipartição do Trânsito Intestinal (BTI); e a SADI-S (single anastomosis duodeno-ileal com sleeve).

Todas essas técnicas podem ser realizadas por videolaparoscopia, que dá as vias preferenciais atualmente. De acordo com Fábio, a abordagem é mais vantajosa pelos seguintes fatores:

- Caso de suspeita de complicação, reintervenção mais fácil via laparoscópica;
- Menor trauma cirúrgico, menor risco de sangramento e dor no pós-operatório;
- Menor risco de hérnia incisional e infecção;
- Recuperação mais rápida, alta mais precoce (~24h);
- Visualização ampliada da cavidade.

Outros métodos podem ser escolhidos no tratamento da obesidade, como a gastroplastia endoscópica, o balão intragástrico ou o uso de medicações. Contudo, estes têm eficácia menor, aponta o cirurgião.

Para quem a cirurgia bariátrica não é indicada?

Fábio chama a atenção para as contraindicações do procedimento: "A presença de deficiência cognitiva é um fator relevante, mas não é uma contraindicação absoluta, devendo cada paciente ser avaliado pela equipe multidisciplinar."